Você sabe o que é preconceito linguístico?? Não? Pois vamos te explicar. [Na verdade, foi explicado em sala e você, aluno lindo que gosta de dormir depois do almoço, perdeu essa explicação... rsrs..]. Assim, vamos revisá-la.
O que seria o tal preconceito linguístico? Ele existe? Se sim, qual a sua natureza? Se deve ser combatido, como todos os preconceitos, quais deveriam ser as armas de combate?
Talvez seja bom começar por uma definição de preconceito. A do Dicionário Houaiss é bastante esclarecedora. Segundo essa fonte, preconceito é “qualquer opinião ou sentimento, quer favorável quer desfavorável, concebido sem exame crítico”, o que em seguida é mais bem especificado: “ideia, opinião ou sentimento desfavorável formado a priori, sem maior conhecimento, ponderação ou razão”.
Na segunda acepção, o preconceito é definido como “atitude, sentimento ou parecer insensato, especialmente de natureza hostil, assumido em consequência da generalização apressada de uma experiência pessoal ou imposta pelo meio; intolerância”. Os preconceitos que se tornaram mais conhecidos e cujo combate é mais aceito são o racial e o de gênero.
A expressão ‘preconceito linguístico’ é mais ou menos corrente entre leitores de sociolinguística, disciplina que estuda o fenômeno da variação linguística, os fatores que a condicionam e as atitudes da sociedade em relação às variedades.
Um dos debates mais quentes do ano foi sobre um livro didático acusado de ensinar regras de português erradas (na verdade, ninguém leu o livro; foram lidas algumas frases soltas de uma das páginas de um dos capítulos). A acusação mereceu diversas manifestações de especialistas, que tentaram mostrar que uma língua é um fenômeno mais complexo do que parece ser quando apresentada apenas em termos prescritivos.
Voltemos ao Houaiss, que assim define preconceito linguístico: “qualquer crença sem fundamento científico acerca das línguas e de seus usuários, como, p. ex., a crença de que existem línguas desenvolvidas e línguas primitivas, ou de que só a língua das classes cultas possui gramática, ou de que os povos indígenas da África e da América não possuem línguas, apenas dialetos”.
No fundo, o preconceito linguístico é um preconceito social. É uma discriminação sem fundamento que atinge falantes inferiorizados por alguma razão e por algum fato histórico. Nós o compreenderíamos melhor se nos déssemos conta de que ‘falar bem’ é uma regra da mesma natureza das regras de etiqueta, das regras de comportamento social. Os que dizemos que falam errado são apenas cidadãos que seguem outras regras e que não têm poder para ditar quais são as elegantes.
Isso não significa dizer que a norma culta não é relevante ou que não precisa ser ensinada. Significa apenas que as normas não cultas não são o que sempre se disse delas. E elas mereceriam não ser objeto de preconceito.
Depois disso, a Dama falou da colocação pronominal no trabalho de João Cabral de Melo Neto. Um lindo, que eu amo e que foi apresentado por mim. Vamos ao resumo:
# Nasceu em Recife em 9 de janeiro de 1920. Era primo de Manuel Bandeira
e do sociólogo Gilberto Freyre;
# Foi poeta e diplomata. Sua poesia vai
do surrealismo à poesia popular. Era um lindo membro da Academia Brasileira de
Letras!
# Quando morreu no Rio de Janeiro, em
1999, diziam que ele era um forte candidato ao Nobel de Literatura do ano seguinte;
# A poesia dele busca passar emoções aos
leitores: ele é objetivo, construtivista de significados e muito comunicativo.
Ele falava do espaço e do tempo, de dentro e de fora, da seca e da umidade, do
sertão e do litoral. É um trabalho SENSACIONALISTA e que causa estranhamento.
# A linguagem que ele usa não é
romântica. Ele é lírico na construção da imagens, apenas.
# Algumas palavras aparecem
sistematicamente e repetidamente em sua obra: seca, cortar, esfolado, pedra,
osso e esqueleto. Ele fazia poesia com coisas concretas.
# Foi até acusado de comunista... E precisou ser defendido por um
advogado.
CURIOSIDADES DA VIDA DELE:
#Desde muito jovem, tomava de 3 a 10 aspirinas por dia.
Aspirinas que ele chamava de “luz” e “sol”. E que dizia serem responsáveis pela
sua criatividade.
# Nunca foi aos encontros da Academia Pernambucana de Letras. Nem
no dia que foi nomeado membro.
PRINCIPAIS OBRAS:
Morte e Vida Severina- 1966- seu mais notório trabalho:
-Mostra o drama de um imigrante nordestino em busca de melhores condições de vida;
-O Chico Buarque que musicou o poema e a obra virou peça de teatro
e não parou de ser encenada, ganhando vários prêmios internacionais;
-O poema
é feito em redondilha maior (sete sílabas métricas) e é do tipo dramático. Tem
duas partes: a fuga da morte (até a chegada em Recife) e o encontro da vida
(quando vai morar na capital).
A Educação Pela Pedra- 1966
A Escola das Facas- 1980
A colocação pronominal foi feita pela Dama, dentro da obra de João Cabral de Melo Neto. Vamos lá:
É o estudo da colocação dos pronomes oblíquos átonos (me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes) em relação ao verbo. Os pronomes átonos podem ocupar 3 posições: antes do verbo (próclise), no meio do verbo (mesóclise) e depois do verbo (ênclise). Esses pronomes se unem aos verbos porque são “fracos” na pronúncia.
PRÓCLISE
Usamos a próclise nos seguintes casos:
(1) Com palavras ou expressões negativas: não, nunca, jamais, nada, ninguém, nem, de modo algum.
- Nada me perturba.
- Ninguém se mexeu.- De modo algum me afastarei daqui.- Ela nem se importou com meus problemas.
(2) Com conjunções subordinativas: quando, se, porque, que, conforme, embora, logo, que.
- Quando se trata de comida, ele é um “expert”.
(3) Advérbios
- Aqui se tem paz.
- Sempre me dediquei aos estudos.
OBS: Se houver vírgula depois do advérbio, este (o advérbio) deixa de atrair o pronome.
(4) Pronomes demonstrativos, relativos e indefinidos:
- Alguém me ligou? (indefinido)
- A pessoa que me ligou era minha amiga. (relativo)- Isso me traz muita felicidade. (demonstrativo)
(5) Em frases interrogativas.
- Quanto me cobrará pela tradução?
(6) Em frases exclamativas ou optativas (que exprimem desejo).
- Deus o abençoe!
- Macacos me mordam!- Deus te abençoe, meu filho!
(7) Com verbo no gerúndio antecedido de preposição EM.
- Em se plantando tudo dá.
- Em se tratando de beleza, ele é campeão.
(8) Com formas verbais proparoxítonas
- Nós o censurávamos.
MESÓCLISE
Usada quando o verbo estiver no futuro do presente (vai acontecer – amarei, amarás, …) ou no futuro do pretérito (ia acontecer mas não aconteceu – amaria, amarias, …)
- Convidar-me-ão para a festa.
- Convidar-me-iam para a festa.
Se houver uma palavra atrativa, a próclise será obrigatória.
- Não (palavra atrativa) me convidarão para a festa.
ÊNCLISE
Ênclise de verbo no futuro e particípio está sempre errada.- Tornarei-me……. (errada)
- Tinha entregado-nos……….(errada)
Ênclise de verbo no infinitivo está sempre certa.
- Entregar-lhe (correta)
- Não posso recebê-lo. (correta)
Outros casos:
- Com o verbo no início da frase: Entregaram-me as camisas.
- Com o verbo no imperativo afirmativo: Alunos, comportem-se.
- Com o verbo no gerúndio: Saiu deixando-nos por instantes.
- Com o verbo no infinitivo impessoal: Convém contar-lhe tudo.
OBS: se o gerúndio vier precedido de preposição ou de palavra atrativa, ocorrerá a próclise:
- Em se tratando de cinema, prefiro o suspense.
- Saiu do escritório, não nos revelando os motivos.
COLOCAÇÃO PRONOMINAL NAS LOCUÇÕES VERBAIS
Locuções Verbais são formadas por um verbo auxiliar + infinitivo, gerúndio ou particípio.
AUX + PARTICÍPIO:
o pronome deve ficar depois do verbo auxiliar. Se houver palavra atrativa, o pronome deverá ficar antes do verbo auxiliar.
- Havia-lhe contado a verdade.
- Não (palavra atrativa) lhe havia contado a verdade.
AUX + GERÚNDIO OU INFINITIVO:
se não houver palavra atrativa, o pronome oblíquo virá depois do verbo auxiliar ou do verbo principal.
Infinitivo- Quero-lhe dizer o que aconteceu.
- Quero dizer-lhe o que aconteceu.
Gerúndio- Ia-lhe dizendo o que aconteceu.
- Ia dizendo-lhe o que aconteceu.
Se houver palavra atrativa, o pronome oblíquo virá antes do verbo auxiliar ou depois do verbo principal.
Infinitivo- Não lhe quero dizer o que aconteceu.
- Não quero dizer-lhe o que aconteceu.
Gerúndio- Não lhe ia dizendo a verdade.
- Não ia dizendo-lhe a verdade.
É isso, amigos! Lembrem-se dia 12/10 não haverá aula. É feriado! Aproveitem para ler, estudar, colocar as redações em dia... hahaha
Abraço da Tarci e estudem!!