sexta-feira, 5 de outubro de 2012

05/10- João C. de M. Neto não tinha Preconceito

Você sabe o que é preconceito linguístico?? Não? Pois vamos te explicar. [Na verdade, foi explicado em sala e você, aluno lindo que gosta de dormir depois do almoço, perdeu essa explicação... rsrs..]. Assim, vamos revisá-la. 

O que seria o tal preconceito linguístico? Ele existe? Se sim, qual a sua natureza? Se deve ser combatido, como todos os preconceitos, quais deveriam ser as armas de combate? 

Talvez seja bom começar por uma definição de preconceito. A do Dicionário Houaiss é bastante esclarecedora. Segundo essa fonte, preconceito é “qualquer opinião ou sentimento, quer favorável quer desfavorável, concebido sem exame crítico”, o que em seguida é mais bem especificado: “ideia, opinião ou sentimento desfavorável formado a priori, sem maior conhecimento, ponderação ou razão”.

Na segunda acepção, o preconceito é definido como “atitude, sentimento ou parecer insensato, especialmente de natureza hostil, assumido em consequência da generalização apressada de uma experiência pessoal ou imposta pelo meio; intolerância”. Os preconceitos que se tornaram mais conhecidos e cujo combate é mais aceito são o racial e o de gênero.
A expressão ‘preconceito linguístico’ é mais ou menos corrente entre leitores de sociolinguística, disciplina que estuda o fenômeno da variação linguística, os fatores que a condicionam e as atitudes da sociedade em relação às variedades. 


Um dos debates mais quentes do ano foi sobre um livro didático acusado de ensinar regras de português erradas (na verdade, ninguém leu o livro; foram lidas algumas frases soltas de uma das páginas de um dos capítulos). A acusação mereceu diversas manifestações de especialistas, que tentaram mostrar que uma língua é um fenômeno mais complexo do que parece ser quando apresentada apenas em termos prescritivos.

Voltemos ao Houaiss, que assim define preconceito linguístico: “qualquer crença sem fundamento científico acerca das línguas e de seus usuários, como, p. ex., a crença de que existem línguas desenvolvidas e línguas primitivas, ou de que só a língua das classes cultas possui gramática, ou de que os povos indígenas da África e da América não possuem línguas, apenas dialetos”.

No fundo, o preconceito linguístico é um preconceito social. É uma discriminação sem fundamento que atinge falantes inferiorizados por alguma razão e por algum fato histórico. Nós o compreenderíamos melhor se nos déssemos conta de que ‘falar bem’ é uma regra da mesma natureza das regras de etiqueta, das regras de comportamento social. Os que dizemos que falam errado são apenas cidadãos que seguem outras regras e que não têm poder para ditar quais são as elegantes.
Isso não significa dizer que a norma culta não é relevante ou que não precisa ser ensinada. Significa apenas que as normas não cultas não são o que sempre se disse delas. E elas mereceriam não ser objeto de preconceito.
Depois disso, a Dama falou da colocação pronominal no trabalho de João Cabral de Melo Neto. Um lindo, que eu amo e que foi apresentado por mim. Vamos ao resumo:

# Nasceu em  Recife em 9 de janeiro de 1920. Era primo de Manuel Bandeira e do sociólogo Gilberto Freyre;
—# Foi poeta e diplomata. Sua poesia vai do surrealismo à poesia popular. Era um lindo membro da Academia Brasileira de Letras!
—# Quando morreu no Rio de Janeiro, em 1999, diziam que ele era um forte candidato ao Nobel de Literatura do ano seguinte;
—# A poesia dele busca passar emoções aos leitores: ele é objetivo, construtivista de significados e muito comunicativo. Ele falava do espaço e do tempo, de dentro e de fora, da seca e da umidade, do sertão e do litoral. É um trabalho SENSACIONALISTA e que causa estranhamento.
—# A linguagem que ele usa não é romântica. Ele é lírico na construção da imagens, apenas.
—# Algumas palavras aparecem sistematicamente e repetidamente em sua obra: seca, cortar, esfolado, pedra, osso e esqueleto. Ele fazia poesia com coisas concretas.
—# Foi até acusado de comunista... E precisou ser defendido por um advogado.


CURIOSIDADES DA VIDA DELE:
#Desde muito jovem, tomava de 3 a 10 aspirinas por dia. Aspirinas que ele chamava de “luz” e “sol”. E que dizia serem responsáveis pela sua criatividade.

—Nunca foi aos encontros da Academia Pernambucana de Letras. Nem no dia que foi nomeado membro.

PRINCIPAIS OBRAS: 
Morte e Vida Severina- 1966- seu mais notório trabalho:
-Mostra o drama de um imigrante nordestino em busca de melhores condições de vida; 



-O Chico Buarque que musicou o poema e a obra virou peça de teatro e não parou de ser encenada, ganhando vários prêmios internacionais;

-O poema é feito em redondilha maior (sete sílabas métricas) e é do tipo dramático. Tem duas partes: a fuga da morte (até a chegada em Recife) e o encontro da vida (quando vai morar na capital).

A Educação Pela Pedra- 1966
A Escola das Facas- 1980

A música por Chico Buarque, aqui óh: http://www.youtube.com/watch?v=gGLDaE01PdA

A primeira animação em 3D feita com essa obra: http://www.youtube.com/watch?v=alOXpuFX8yo

A colocação pronominal foi feita pela Dama, dentro da obra de João Cabral de Melo Neto. Vamos lá:

É o estudo da colocação dos pronomes oblíquos átonos (me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes) em relação ao verbo. Os pronomes átonos podem ocupar 3 posições: antes do verbo (próclise), no meio do verbo (mesóclise) e depois do verbo (ênclise). Esses pronomes se unem aos verbos porque são “fracos” na pronúncia.

PRÓCLISE
Usamos a próclise nos seguintes casos:
(1) Com palavras ou expressões negativas: não, nunca, jamais, nada, ninguém, nem, de modo algum.

Nada me perturba.
Ninguém se mexeu.De modo algum me afastarei daqui.- Ela nem se importou com meus problemas.

(2) Com conjunções subordinativas: quando, se, porque, que, conforme, embora, logo, que.
Quando se trata de comida, ele é um “expert”.


(3) Advérbios
Aqui se tem paz.
Sempre me  dediquei aos estudos. 

OBS: Se houver vírgula depois do advérbio, este (o advérbio) deixa de atrair o pronome.

(4) Pronomes demonstrativos, relativos e indefinidos:

Alguém me ligou? (indefinido)
- A pessoa que me ligou era minha amiga. (relativo)Isso me traz muita felicidade. (demonstrativo)

(5) Em frases interrogativas.
Quanto me cobrará pela tradução?

(6) Em frases exclamativas ou optativas (que exprimem desejo).

- Deus o abençoe!
- Macacos me mordam!- Deus te abençoe, meu filho!

(7) Com verbo no gerúndio antecedido de preposição EM.

Em se plantando tudo dá.
Em se tratando de beleza, ele é campeão.

(8) Com formas verbais proparoxítonas
- Nós o censurávamos.

MESÓCLISE
Usada quando o verbo estiver no futuro do presente (vai acontecer – amarei, amarás, …) ou no futuro do pretérito (ia acontecer mas não aconteceu – amaria, amarias, …)

- Convidar-me-ão para a festa.
- Convidar-me-iam para a festa.
Se houver uma palavra atrativa, a próclise será obrigatória.
- Não (palavra atrativa) me convidarão para a festa.

ÊNCLISE

Ênclise de verbo no futuro e particípio está sempre errada.- Tornarei-me……. (errada)
- Tinha entregado-nos……….(errada)

Ênclise de verbo no infinitivo está sempre certa.
- Entregar-lhe (correta)
- Não posso recebê-lo. (correta)

Outros casos:
- Com o verbo no início da frase: Entregaram-me as camisas.
- Com o verbo no imperativo afirmativo: Alunos, comportem-se.
- Com o verbo no gerúndio: Saiu deixando-nos por instantes.
- Com o verbo no infinitivo impessoal: Convém contar-lhe tudo.

OBS: se o gerúndio vier precedido de preposição ou de palavra atrativa, ocorrerá a próclise:
- Em se tratando de cinema, prefiro o suspense.
- Saiu do escritório, não nos revelando os motivos.

COLOCAÇÃO PRONOMINAL NAS LOCUÇÕES VERBAIS

Locuções Verbais são formadas por um verbo auxiliar + infinitivo, gerúndio ou particípio.

AUX + PARTICÍPIO:
o pronome deve ficar depois do verbo auxiliar. Se houver palavra atrativa, o pronome deverá ficar antes do verbo auxiliar.
Havia-lhe contado a verdade.

Não (palavra atrativa) lhe havia contado a verdade.

AUX + GERÚNDIO OU INFINITIVO:
se não houver palavra atrativa, o pronome oblíquo virá depois do verbo auxiliar ou do verbo principal.

InfinitivoQuero-lhe dizer o que aconteceu.
Quero dizer-lhe o que aconteceu.

GerúndioIa-lhe dizendo o que aconteceu.
Ia dizendo-lhe o que aconteceu.
Se houver palavra atrativa, o pronome oblíquo virá antes do verbo auxiliar ou depois do verbo principal.

InfinitivoNão lhe quero dizer o que aconteceu.
Não quero dizer-lhe o que aconteceu.

GerúndioNão lhe ia dizendo a verdade.
Não ia dizendo-lhe a verdade.

É isso, amigos! Lembrem-se dia 12/10 não haverá aula. É feriado! Aproveitem para ler, estudar, colocar as redações em dia... hahaha 


Abraço da Tarci e estudem!!


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