sexta-feira, 27 de abril de 2012

27/04 - Palavras e 1ª Fase Modernista Brasileira

    O tema do Pibid Letras Cult foi "Palavras" para o momento incial... Este assunto é realmente inspirante, afinal, o mundo se resume a "arte de palavrar". Começamos com 2 músicas e 2 poemas, retirados de uma tarefa da Disiciplina Ofinica de Produção de Textos da UnB (ministrada pela professora e coordenadora convidada do Pibid Letras Aya Ribeiro).  ~ Natalia Gouveia



1º Vídeo: Palavras - Titãs

Palavras

Palavras não são más
Palavras não são quentes
Palavras são iguais
Sendo diferentes
Palavras não são frias
Palavras não são boas
Os números pra os dias
E os nomes pra as pessoas
Palavra eu preciso
Preciso com urgência
Palavras que se usem
em caso de emergência
Dizer o que se sente
Cumprir uma sentença

Palavras que se diz
Se diz e não se pensa
Palavras não têm cor
Palavras não têm culpa
Palavras de amor
Pra pedir desculpas
Palavras doentias
Páginas rasgadas
Palavras não se curam
Certas ou erradas

Palavras são sombras
As sombras viram jogos
Palavras pra brincar
Brinquedos quebram logo
Palavras pra esquecer
Versos que repito
Palavras pra dizer
De novo o que foi dito
Todas as folhas em branco
Todos os livros fechados
Tudo com todas as letras
Nada de novo debaixo do sol

Titãs - Composição: Marcelo Fromer / Sérgio Britto

2º Vídeo: Uma Palavra - Chico Buarque
Uma Palavra

Palavra prima
Uma palavra só, a crua palavra
Que quer dizer
Tudo
Anterior ao entendimento, palavra

Palavra viva
Palavra com temperatura, palavra
Que se produz
Muda
Feita de lua mais que de vento, palavra

Palavra dócil
Palavra d'agua pra qualquer moldura
Que se acomoda em baldo, em verso, em mágoa
Qualquer feição de se manter palavra

Palavra minha
Matéria, minha criatura, palavra
Que me conduz
Mudo
E que me escreve desatento, palavra

Talvez à noite
Quase-palavra que um de nós murmura
Que ela mistura as letras que eu invento
Outras pronúncias do prazer, palavra

Palavra boa
Não de fazer literatura, palavra
Mas de habitar
Fundo
O coração do pensamento, palavra

Chico Buarque 

1º Poema: Palavras - Carlos Drummond de Andrade
Palavras

    Já não quero dicionários
    consultados em vão.
    Quero só a palavra
    que nunca estará neles
    nem se pode inventar.

    Que resumiria o mundo
    e o substituiria.

    Mais sol do que o sol,
    dentro da qual vivêssemos
    todos em comunhão,
    mudos,
    saboreando-a.

Carlos Drummond de Andrade

2º Poema: Ausência & Cia - Flávia de Almeida
Ausência & Cia.

Uma palavra que jamais escreveste.
Uma palavra que nunca leste.
Uma palavra que em tempo algum viste.
Uma palavra que não disseste nem ouviste.
Uma palavra indicionarizada.
Uma palavra não neologismada.
Uma palavra de língua nenhuma.
Uma palavra nova, em suma.
Uma palavra. Uma.

Flávio Almeida - www.rompenuvem.com


     
     Depois fizemos uma dinâmica de procurar o significado do nome de cada pessoa que estava presente. Relembramos as 10 classes de palavras que serão estudas nas próximas sextas-feiras. 

1. Estrutura das palavras ~ Natalia Gouveia



Palavra: é uma unidade lingüística de som e significado que entra na composição dos enunciados da língua. Estudá-las é estudar os morfemas, ou seja, o elemento formador e capaz de fornecer alguma noção significativa à palavra que integra, não podem sofrer divisão, justamente por ser uma unidade mínima de significação. Os morfemas da língua portuguesa são:

a) RADICAL: o que contém o sentido básico do vocábulo. Aquilo que permanecer invariável quando a palavra for modificada. As palavras da língua portuguesa formada a partir de um mesmo radical constituem famílias de palavras cognatas.
 
  OBS.: Quando se tratar de verbos, obtém-se o radical, eliminando as terminações AR, ER e IR.

b) VOGAL TEMÁTICA: nos verbos, são as vogais A, E e I, presentes à terminação verbal. Elas indicam a qual conjugação o verbo pertence (1ª: AR; 2ª: ER; 3ª IR).

OBS.: O verbo PÔR pertence a 2ª conjugação, já que deriva do antigo verbo POER.

Nos substantivos e adjetivos, são as vogais A, E, I, O e U, no final da palavra, evitando que a mesma termine em consoante.

  OBS.: Cuidado para não confundir vogal temática de substantivo e adjetivo com desinência nominal de gênero.

c) TEMA: é a junção do radical com a vogal temática. Se não existir vogal temática, o tema e o radical serão o mesmo elemento. O mesmo ocorrerá, quando o radical for terminado em vogal. Ex.: LEAL (Radical = Tema/ não há vogal temática); TATU (Radical = Tema/ Radical terminado em vogal). Em se tratando de verbo, o tema sempre será a soma do radical com a vogal temática. Ex.: ESTUDAR (Radical = ESTUD; Vogal Temática = A; Tema = ESTUDA).

d) DESINÊNCIAS: é a terminação das palavras, flexionadas ou variáveis, proposta ao radical, com o intuito de modificá-las. Modificamos os verbos conjugando-os; modificamos os adjetivos e substantivos em gênero e numero. Existem dois tipos de desinências: a verbal e a nominal.

- Desinência Verbal
Modo-temporais: indicam o tempo e o modo. São quatro:
  • -VA e -IA (PRETÉRITO IMPERFEITO/INDICATIVO: estudava, vendia);   
  • -RA (PRETERITO-MAIS-QUE-PERFEITO/INDICATIVO: estudara);
  • -RIA (FUTURO DO PRETERITO/INDICATIVO: estudaria, venderia);
  • -SSE (PRETERITO IMPERFEITO/SUBJUNTIVO: estudasse, vendesse, partisse). 
     Número-pessoais: indicam a pessoa e o número. São três:
  • Grupo1) -I, -STE, -U, -MOS, -STES, -RAM (PRETERITO PERFEITO/INDICATIVO: eu cantei, tu cantaste, ele cantou, nós cantamos, vós cantastes, eles cantaram).
  • Grupo2) - , -ES, - , -MOS, -DES, -EM (INFINITVO PESSOAL; FUTURO/SUBJUNT.: era para eu cantar, tu cantares, ele cantar, nós cantarmos, vós cantardes, eles cantarem; quando eu puser, tu puseres, ele puser, nós pusermos, vós puserdes, eles puserem).
  • Grupo3) - , -S, - , -MOS, -IS, -M (TODOS OS OUTROS TEMPOS: eu canto, tu cantas, ele canta, nós cantamos, vós cantais, eles cantam – Presente do indicativo).
   - Desinência nominal
      Gênero: indica o gênero da palavra, masculino e feminino.
OBS: a vogal -A será desinência nominal de gênero sempre que indicar o feminino de uma palavra, mesmo que o masculino não seja terminado em –O. Ex.: CRUA/CRU, ELA/ELE, TRAIDORA/TRAIDOR).
       Número: indica o plural da palavra. É a letra –S, somente quando indicar o plural da palavra. Ex.: CADEIRAS/CADEIRA, PEDRAS/PEDRA).

e) AFIXOS: são elementos que se juntam aos radicais para formar novas palavras. São três:
- Prefixo: é o afixo que aparece antes do radical. Ex.: DEStampar, Incapaz, Amoral)
- Sufixo: é o afixo que aparece depois do radical, do tema ou do infinitivo. Ex.: pensaMENTO, acusaÇÃO, felizMENTE).
- Vogal e consoante de ligação: são vogais e consoantes que surgem entre dois morfemas, para tornar mais fácil e agradável a pronuncia de certas palavras. Ex.: florEs, bambuZal, gasÔmetro, canaIs).

2. Formação das palavras. ~ Natalia Gouveia


Observamos que as palavras podem ser: primitivas ou derivadas, palavras simples ou compostas.

- Palavras primitivas: não são formadas a partir de outras (pedra, casa, paz).
-Palavras derivadas: são formadas a partir de outras palavras já existentes (pedrada/pedra ferreiro/ferro).
- Palavras simples: são formadas apenas por um radical (cidade, casa, pedra).
- Palavras compostas: palavras que apresentam dois ou mais radicais (pé-de-moleque, pernilongo, guarda-chuva).

OBS.: Na língua portuguesa, existem dois processos mais importantes de formação de palavras: DERIVAÇÃO e COMPOSIÇÃO.

a)   DERIVAÇÃO
- Prefixal: processo de derivação pelo qual é acrescido um prefixo a um radical (DESfazer, INútil).
- Sufixal: é acrescido um sufixo a um radical (carrINHO, livrARIA). Não ocorre em verbos.
- Parassintética: são acrescidos um prefixo e um sufixo simultaneamente ao radical (AnoitECER, PERnoitAR).
- Prefixal e sufixal: palavras acrescidas por um sufixo e um prefixo no radical, diferencia-se da derivação parassintética no fato de que se retirarmos o prefixo e o sufixo desse radical e a palavra continuar a ter sentido será uma derivação prefixal e sufixal. (INfelizMENTE).
- Regressiva:  é a redução da palavra primitiva, produzindo novo vocábulo; ocorre, sobretudo, nos substantivos deverbais (derivados de verbos). Nesse processo é comum a confusão entre termo primitivo e derivado. Ex. Ninguém justificou o ATRASO/ do verbo atrasar. O DEBATE foi longo/ do verbo debater.
OBS.: Sempre que encontrar um substantivo terminado em A, E, e O, verifique se é concreto ou abstrato.  Se for abstrato deriva do verbo correspondente (ataque/atacar-primitiva), se é concreto ele é primitivo em relação ao verbo (telefone/telefonar-derivada).
- Imprópria: consiste na mudança da classe gramatical da palavra sem que sua forma se altere. Ex.: O JANTAR estava ótimo / Jantar = verbo => substantivo no caso)

b)   COMPOSIÇÃO
   - Justaposição: quando não há alteração nas palavras e continua a serem faladas (escritas) da mesma forma com eram antes da composição. Ex.: GIRASSOL/ gira + sol; PÉ-DE-MOLEQUE/ pé + de + moleque.
   - Aglutinação: quando há alteração em pelo menos uma das palavras, seja na grafia ou na pronuncia. Ex.: PLANALTO/ plano + alto; EMBORA/ em + boa + hora.

     Além da derivação e da composição, existem outros tipos de formação de palavras, que são: HIBRIDISMO, ABREVIAÇÃO e ONOMATOPÉIA.

c)  HIBRIDISMO: É a formação de palavras a partir da junção de elementos de idiomas diferentes. Ex.: AUTOMÓVEL/ auto-grego + móvel-latim; BUROCRACIA/ buro-francês + cracia-grego.

d)   ABREVIAÇÃO OU REDUÇÃO: É a forma reduzida apresentada por algumas palavras. Ex.: AUTO/automóvel; QUILO/ quilograma; MOTO/ motocicleta.

e)    ONOMATOPÉIA: Consiste na criação de palavras através da tentativa de imitar vozes ou sons da natureza. Ex.: FONFOM, COCORICÓ, TIQUE-TAQUE, BOOM!


3. Classe de palavras. ~ Natalia Gouveia

a)    SUBSTANTIVO: 

     É a palavra que nomeia os seres. O conceito de seres deve incluir os nomes de pessoas, de lugares, de instituições, de grupos, indivíduos e de entes fantasiosos.

*ORAÇÃO: normalmente exerce funções diretamente ligadas ao verbo – núcleo do sujeito, complemento verbal (OD e OI) e agente da passiva; pode ainda ser núcleo do complemento nominal, do aposto, do vocativo, do predicativo do sujeito e do objeto.

CLASSIFICAÇÃO:
A) Quanto à sua estrutura e formação:
- Simples,
- Compostos,
- Primitivos;
- Derivados.
B) Quanto ao seu significado e abrangência:
- Concretos,
- Abstratos,
- Comuns,
- Próprios,
- Coletivos.

FLEXÃO DOS SUBSTANTIVOS
A) Flexão de gênero.
- Substantivos biformes,
- Substantivos comuns de dois gêneros,
- Substantivos sobrecomuns e epicenos,
- Substantivos de gênero vacilante,
- Gênero e a mudança de significado.
B) Flexão de número.
- Formação do plural dos substantivos simples,
- Formação do plural dos substantivos compostos.
C) Flexão de grau.
- Sintético,
- Analítico.
b)    ADJETIVO: 

     É a palavra que caracteriza o substantivo, atribuindo-lhe qualidades, defeitos e modos de ser; ou indicando-lhe o aspecto ou estado.

Ex: O jovem brasileiro tornou-se participativo.
      O brasileiro jovem enfrenta dificuldades profissionais.

*LOCUÇÕES ADJETIVAS. 
*ORAÇÃO: exerce sempre funções sintáticas relativas aos substantivos, como adjunto adnominal ou predicativo (do sujeito ou do objeto). 

CLASSIFICAÇÃO:
A) Quanto à sua estrutura e formação:
- Simples,
- Compostos,
- Primitivos;
- Derivados,
- Adjetivos pátrios simples,
- Adjetivos pátrios compostos.

FLEXÃO DOS ADJETIVOS:
A) Flexão de gênero.
- Adjetivos biformes,
- Adjetivos uniformes.
B) Flexão de número.
- Formação do plural dos adjetivos simples (= dos substantivos simples),
- Formação do plural dos adjetivos compostos.
C) Flexão de grau.
- Comparativo (igualdade, superioridade e inferioridade – sintético e analítico)
- Superlativo (relativo de superioridade, relativo de inferioridade e absoluto – sintético e analítico).

c)    ARTIGO:

     É a palavra que acompanha o substantivo, servindo basicamente para generalizar ou particularizar o sentido desse substantivo. É essencial na especificação do gênero e do número do substantivo, além de atuarem na derivação imprópria.

CLASSIFICAÇÃO:
A) Artigo Definido,
B) Artigo Indefinido.

COMBINAÇÃO DOS ARTIGOS:
Preposições
Artigos


O, os
A, as
Um, uns
Uma, umas
A
Ao, aos
À, às
-
-
De
Do, dos
Da, das
Dum, duns
Duma, dumas
Em
No, nos
Na, nas
Num, nuns
Numa, numas
Por (per)
Pelo, pelos
Pela, pelas
-
-

4. 1ª Fase do Modernismo Brasileiro. ~ Kátia dos Santos


  • Poesia:
·         - Linguagem coloquial;
·         - Utilização do verso livre;
·         - Livre associação de ideias;
·         - Irreverência;
·         - Valorização do cotidiano;
·         - Incorporação do presente;
·         - Humor;
·         - Aproximação com a prosa; e
·         - Nacionalismo.

  • Prosa:
·         - Utilização de períodos curtos;
·         - Apoio na fala coloquial; e
·         - Aproximação com a poesia.

a)    MÁRIO DE ANDRADE: 



·            Nasceu em 1893 em SP;
·            Morreu em 1945 no mesmo estado;
·            Escreveu desde cedo;
·       1917: publicou o livro ‘Há uma gota de sangue em cada poema’ com o codinome de Mário Sobral;
·     Escreveu Pauliceia Desvairada, que teve grande importância para o movimento modernista;
·            Foi professor universitário no Rio de Janeiro;
·            Escreveu poesia, romance, conto e ensaio;
·           Algumas de suas obras: Macunaíma, Losango cáqui, Clã do jabuti, Remate dos males, Lira paulistana, Amar, verbo intransitivo e Belazarte.

b)    OSWALD DE ANDRADE: 



·         Nasceu em 1890 em SP;
·         Morreu em 1954 morreu no mesmo estado;
·         Formou-se em Direito;
·    Fez diversas viagens na Europa, aonde conheceu diversos movimentos vanguardistas;
·         A primeira viagem foi em 1912, lá conheceu ideais futuristas;
·         Irreverente, polêmico, irônico e de escrita combativa;
·         Escreveu poesia, romance e teatro;
.        Algumas de suas obras: Pau-Brasil, Os condenados, Memórias sentimentais de João Miramar, Serafim Ponte Grande, O homem e o cavalo e O rei da vela.

c)    MANUEL BANDEIRA:


·         Nascem em 1886 em Recife (PE);
·         Estudou no RJ e SP;
·        Abandonou a Escola Politécnica por causa de uma tuberculose;
·        Viajou para a Suíça em busca da cura, lá conheceu poetas simbolistas franceses;
·        Escreveu prosa e poesia;
·        Algumas de suas obras: Cinzas das horas, Carnaval, O ritmo dissoluto, Libertinagem, Estrela da manhã, Estrela da tarde, Opus 10 e Andorinha andorinha.


Continuem frequentando o PIBID!!! Garanto que vocês passaram a ter uma outra visão da língua portuguesa. Beijo e até a próxima.... ~ Natália Gouveia


Nenhum comentário:

Postar um comentário